nightmare

já não sei mais nada . aos poucos começo a chegar ao ponto de não sentir, de não ser . por mais que tente fugir , por muito que tente correr para longe da escuridão ela agarra-me , absorve-me , encanta-me e fecha-me num mundo cruel com um destino incerto . oh , esse mundo sem luz , sem cor ; esse mundo frio . sinto (mesmo sem sentir) que essa escuridão se entranha cada vez mais nas minhas artérias ; que explora até ao mais fundo do meu ser , tornando reais os meus medos . eu fujo ; corro sem rumo procurando desesperada por uma saída que me mostre de novo a luz , grito mas ninguém me ouve pois a minha voz já foi consumida pelas trevas . uso todas as minhas forças vitais para tentar escapar desse mundo sem réstia de vida , esse mundo de morte e decepção . paro , já sem forças e deixo-me escorregar para o chão já quase sem vida . não quero morrer , não tão cedo . ainda não vivi tudo o que tenho para viver , não sonhei tudo o que tenho para sonhar . e de fora ? o que se vê são os meus sorrisos irreais , as minhas palavras vazias , os meus gestos sem vida , aprendidos de um passado inconstante . ninguém compreende que cada segundo é uma batalha contra mim mesma , contra o monstro que criei dentro de mim , que alimentei , que fiz crescer ; que agora tento esconder , pois quando deixar de tentar , vai ser o fim : o fim de mim , o fim de nós . e eu não quero , eu luto , mas a fraqueza apodera-se de mim ; eu sonho , mas tudo à minha volta é um pesadelo ; eu tento respirar , mas à muito que os meus órgãos vitais foram degradados pela escuridão . agora ? continuo a deambular pelo mundo, como um fantasma sem alma , sem corpo , sem esperança .

sR.