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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O fim.

E lá estava ela, à beira do abismo, um passo bastaria para acabar com tudo, mas ela queria prolongar aquela sensação por mais uns momentos. Enquanto sentia o medo infiltrar-se em todas as artérias, pensava na sua vida, sobretudo nele, em como ele poderia sentir a sua falta, mas agora era tarde demais, ela sabia que tinha de o fazer. Olhou de novo para o mar de carros que a esperava lá em baixo, as cores chamavam-na, mas uma voz no seu interior dizia que não tinha de fazer aquilo, mas ela queria, sabia que era necessário. Pensou mais uma vez nele. Ela amava-o tanto, mas era por isso que faria o que tinha de ser feito, não queria mais magoá-lo. Naquele dia, que nascera cinzento como que chorando com ela, as imagens dele estavam mais presentes na sua mente do que em qualquer outro, quando inspirava fundo sentia o seu cheiro como se os seus sentidos já soubessem que era a última oportunidade para o memorizar. O tempo escorregava lento e ela tentou limpar a mente de todos os pensamentos relacionados com ele. Secou com a manga da camisola uma lágrima que escorria. Gostava de lhe ter dito adeus mas sabia que ele não a deixaria partir se soubesse o que ela pretendia fazer, deixara-lhe aquela carta que escrevera durante toda a manhã, mas isso nunca seria suficiente e ela sabia-o. Ele iria odiá-la por muito tempo mas ela sabia que ele acabaria por entender os seus motivos e os aceitaria e talvez até um dia a perdoasse. Olhou de novo para o seu destino, agora sentia-se mais preparada, virou-se lentamente e deu um passo em frente. E enquanto caia, as lágrimas escorriam e ela sabia que agora estava feito e não dava para voltar atrás. Fechou os olhos e viu a imagem dele, isso era pior então abriu-os de novo mas não viu nada, tudo estava escuro. Tentou mover-se mas não conseguiu e então ela percebeu que tudo tinha acabado, para sempre.

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